Eu explico... Já comentei né... esse mundo da ciência é "mucho mucho loco!". Passei vários dias na clausura usando minha mente, meus muitos "papers", muita leitura e pensamentos 100% inglês, e meu QI que as vezes precisa pegar no tranco. Precisava urgentemente terminar um projeto para concluir uma etapa obrigatória do doutorado. Bem, tive que mergulhar em assuntos que não conheço e não domino (é obrigatório que o assunto saia da minha área)... adivinha se não acabei escolhendo um beeeeemmmm difícil. Me arrependi um trilhão de vezes. Por que eu faço isso comigo? Parece que gosto de ajoelhar no milho!!! Um processo de auto-flagelação!!! O tênue limite que separa amor e ódio!
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Voltei para o eixo e entendi: gosto do desafio... Por isso amo tanto a pesquisa. Universo que diariamente me desafia, me instiga a manter a mente produzindo o NOVO, convivendo com as frustrações do RECOMEÇAR e ao mesmo tempo com o PRAZER de cruzar a linha de chegada com sucesso por não temer RECOMEÇAR. O desapego de começar tudo do ZERO! Virar a página, partir para um novo capítulo, ultrapassar meus limites.
AAAH, eu amo muito tudo isso. É uma cachaça, vício na veia!
Tem dias que dá tudo errado que parece que colocaram galinha preta com vela vermelha na minha encruzilhada... macumba pesada! Nada funciona! A maldição da "Mão sexual"... jargão que usamos no laboratório.. explico... tem dias que onde colocamos a mão FO_ _ !! De repente, a mágica acontece, coisas que a ciência não explica, TUDO DÁ CERTO, sem ter mudado nada ... e aí vamos para casa como que num encantamento afrodisíaco, flutuando e leve como uma pluma.
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Aí vou vendo como me encaixo no contexto que trabalho... como me deixa feliz pensar na ciência, em como solucionar enigmas da vida.
E a vida?
É a maior de todas as ciências e conduzimos (ou devemos conduzir) exatamente como na rotina de laboratório e por isso cada dia me apaixono mais pelo que faço... Explico...
Dias que nada dá certo,
Dias que tudo funciona,
Dias que estamos com a "mão sexual" (daí é melhor cruzar os braços para não piorar a situação)
Dias de desapego, onde temos que jogar fora e recomeçar o experimento.
Dias que temos que ir para a "clausura"e usar só o cérebro, focar na mente... buscar o teu eixo e o foco.
Dias frustrantes
Dias arrepiantes, eletrizantes
Dias que temos certeza que estamos fazendo certo
Dias que temos certeza que está tudo errado
Dias de buscar novos projetos e sair da zona de conforto
Dias de prazer pelo dever cumprido
... E assim seguimos.... na busca pelo novo, pela respostas, pelas conquistas dos sonhos.
É por isso que dou risada quando dizem que cientista é muito racional! Mucho loco sim, com muito orgulho, mas racional? No way!!!!!
Vou plagiar o tema do Blog de uma amiga (Lu)... Qual o segredo dos seus olhos?
Revelando em primeira mão o segredo dos meus olhos: frase de Rousseau na capa do meu convite de formatura (e lá se foram 12 anos) mas resume minhas experiências - "se é a razão que faz o homem, é o sentimento que o conduz".