segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Onde o amor próprio mora.

Nesse período de quase 60 dias off e fora da área de cobertura estive "colocando ordem no galinheiro". Fiz o que tinha que ser feito doa a quem doer (inclusive a mim mesma). 
Ouvi muitas histórias e reparei que 2011 foi um ano de limpeza geral e pesada, no bom estilo Multilimpadores Alvejantes. Acredite ou não... mas parece que a energia de varrer a sujeira para fora de casa imperou neste ano. Faxina é bom mas é ruim, por mais que gostem... é chato... colocar tudo para cima, aquele caos para depois acomodar tudo no seu devido lugar. Depois que tudo se ajeita vem aquela sensação de conforto e leveza... mas até lá... é pauleira!
Percebi que muitas separações aconteceram neste ano, incrível... mas cada história que se arrastava por tantos anos, e justamente em 2011 chegaram no ponto final. Términos das mais diversas formas: por querer e sem querer. Ouvi relatos de pessoas que passaram por todo o tipo de casamento: longos, curtos, mansos, conturbados... mas o denominador comum unânime foi que independente do amor e do sentimento pelo parceiro, precisavam resgatar o amor próprio. Quando me refiro a casamento... não é necessariamente ligado à relação formal, com pompa, igreja e aliança na mão esquerda. CASAMENTO é todo pacto selado de dedicação ao outro, seja velado ou declarado... e aí vai uma extensa categoria: namorados, esposos, amantes, namoridos, etc, etc, etc. Quem tem sabe e quem somos nós para julgar em que momento virou ou desvirou CASAMENTO.... sejamos democráticos e menos hipócritas para aceitar as inúmeras formas de CASAR-SE. A amante que espera é tão casada quanto a esposa "real". Quem esteve dos dois lados do muro não ousa duvidar do status.
Enfim... há casamentos que perduram e fico imensamente feliz ao ver relações superarem obstáculos e testemunharem a passagem de muitos anos. Mesmo assim, percebo que além de toda receita de bolo que conhecemos para fazer uma relação sólida prosperar (amor, cuidado, amizade, tolerância...) NUNCA deve faltar o AMOR PRÓPRIO, pois este é o fermento do bolo. Sem amor próprio, mesmo com abundância de todos os ingredientes, o bolo embatuma... e aí, amiguinhos... fica intragável mesmo com ingredientes da mais alta qualidade! Ou pior... desce na goela e  mais cedo ou mais tarde embucha!!
É  emocionante ver casais de amigos encontrando curvas nos obstáculos para seguirem suas caminhadas. Recentemente fui numa cerimônia de Bodas de Prata e me emocionei muito, imaginei a passagem do tempo de um casal que se casou muito jovem e superou muita coisa com parceria e amor. Devem ter sido desacreditados por muitos durante vários capítulos de sua riquíssima história, mas perseveraram ... não por teimosia, nem por conveniência. Também nunca colocaram o casamento como algo indissolúvel, mas estavam juntos por que não jogaram no colo do outro a responsabilidade por sua própria felicidade. Hoje vivemos num mundo em que casamentos, amores e paixões são facilmente construídos e desconstruídos, onde dizer "eu te amo" ficou tão fácil, apesar de durar até a página 9 ou 10.
Defendo a instituição casamento, não pela religiosidade, mas por que tô com nojinho desse efeito pipoca da humanidade: não deu, pula para outra, não deu de novo, pula de novo para outra... e vai levando uma bagagem de imaturidade na mochila que não se resolve nunca. Inúmeras relações de um único capítulo erroneamente rotuladas de 'modernas' no equivocado estilo 'bola pra frente'.
Vejo meus pais juntos há mais de 50 anos com suas diferenças e suas implicâncias... e quando começo a questionar se de fato ainda se amam ou virou acomodação, encontro alguém que me ralata terem encontrado-os caminhando juntos numa manhã no calçadão de Ipanema. Bem... é isso aí... simples assim... de fato é vida como ela é, a concretização do amor ao próximo e amor próprio.
Tenho colocado limites de aproximação àqueles que queiram sugar algo que possa comprometer meu amor próprio. Pois é... ele foi devastado e desde o momento que coloquei uma cerca de proteção para me recompor, TODOS que por ventura tenham segundas intenções se afastaram. No início estranhei vários afastamentos que nem tinha percebido que poderiam ser nocivos, mas enfim... a regra é para todos e tenho agradecido por tudo mesmo sem entender muito bem o porquê, AINDA....
Como dizia Clarice Lispector "Tenho meus limites, o primeiro deles é o amor próprio".
Fica o vídeo de uma mulher que tem muito amor próprio: Adele. Deixou sua voz brilhar e imperar num mundo um tanto quanto fútil e sem amor próprio.